O DIGITAL NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

O DIGITAL NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

O digital na orientação vocacional



Sónia Duarte é psicóloga educacional e dinamizadora do projeto Step 1 na Escola Profissional de Rio Maior. Através deste projeto, criado pela ANQEP com o intuito de promover a autoeficácia dos alunos na procura de emprego e o interesse pela aprendizagem ao longo da vida, tem conseguido orientar os alunos, utilizando ferramentas digitais.

ANQEP: Como surge o seu interesse pela área da psicologia e sobretudo pelo ramo da psicologia da educação?
Sónia Duarte (SD):
 Não escolhi ser psicóloga, escolhi ser psicóloga educacional. Quando optei, no 12.º ano, por ir para Psicologia, queria mesmo o currículo da área educacional porque era mais abrangente.
É engraçado porque eu nunca pensei em vir a trabalhar com adolescentes. Achava sempre que ia trabalhar com crianças do 1.º ciclo mas, depois, quando ainda estava a fazer o curso (licenciatura), fui convidada para dar aulas de Psicologia da Comunicação na Escola Profissional de Rio Maior (EPRM). A partir daí fui ficando e o ensino profissional é o que, neste momento, mais me identifico porque me permite fazer uma série de atividades diferentes, ter estratégias diferenciadas e realmente faz-me sentido ser psicóloga educacional numa escola profissional.

ANQEP: Portanto antes de estar na EPRM nunca tinha exercido outras funções na área da psicologia?
SD: 
Não. Só no meu estágio curricular, em Lisboa.

ANQEP: É licenciada em Psicologia. Depois da licenciatura fez mais alguma formação de nível superior?
SD: 
Depois integrado no mestrado em Educação, fiz a Especialidade em Teoria e Desenvolvimento Curricular, frequentemente faço formações, participo nos congressos da Ordem dos Psicólogos Portugueses e vou sempre ao Seminário Anual de Psicologia e Orientação, muito voltado para a área da orientação vocacional, promovido pela Direção Geral da Educação (DGE). Este ano foi em Braga mas foi muito mais direcionado para as mudanças geradas pelos decretos-lei n.º 54/2018 e n.º 55/2018, ambos de 6 de julho. Para além disso faço todos os anos formação para Psicólogos que trabalham nas escolas, promovidas também pela DGE.
As formações sobre orientação a que eu vou ajudam-me muito para a minha reflexão enquanto psicóloga. Gosto de aprender para refletir até na minha prática diária. Isto para mim é estar constantemente a fazer orientação, é reorientar-me naquilo que eu vou ser melhor a fazer. E se eu vou ser melhor a fazer isto, os alunos também vão aproveitar mais.

ANQEP: Qual é exatamente o papel de um psicólogo escolar?
SD: A meu ver, numa escola profissional acaba por ser claramente diferente de uma escola que tem todos os ciclos, incluindo o pré-escolar. Nessas escolas, os psicólogos fazem muita intervenção que eu não faço: fazem avaliações, intervenções com crianças pequenas e com crianças abrangidas pela educação especial, bem como programas de literacia ao nível do 1.º ciclo.Na escola profissional não fazemos nada dessas coisas, nem sequer avaliação psicológica fazemos. Todo o acompanhamento que damos é muito na área da orientação. Também temos parceiros para abordar questões ligadas à saúde, ao nível do crescimento, à sexualidade, aos consumos e ao uso das redes sociais. Trabalhamos ainda as questões da disciplina, do sucesso escolar e da organização de métodos de estudo. E damos apoio psicológico em casos mesmo necessários.Relativamente à questão da orientação, eu tento e gostava que fosse tratada desde o 10.º até ao 12.º ano. Faço uma entrevista aos alunos à entrada e tento perceber logo se aquele é o melhor caminho. Portanto, eu chego a ter alunos que vão para um curso mas depois transitam para outro. Na realidade, os psicólogos quando fazem orientação no 9.º ano, não têm tempo. Há muitos psicólogos a perguntarem-me como é que eu faço os mapas conceptuais, os padlets, no fundo, como faço orientação utilizando as novas tecnologias. Esses professores para fazerem orientação a 300 miúdos vão muito pelo standard, que é a história do teste.Eu, a propósito do projeto Step 1, criei entrevistas superelaboradas. Como tive formação, da DGE, na área da orientação com a Professora Maria Odília Teixeira, “Métodos e Instrumentos em Orientação e na Intervenção Psicológica”, a professora ajudou-me na criação do documento (entrevista). Por ser uma entrevista tão orientada demora muito tempo a elaborar. Mas é feito um formulário no Google Forms que os alunos podem preencher em casa. Depois, a entrevista é analisada com eles, presencialmente, e aí vemos o que é importante para os alunos e quais são as linhas orientadoras para o seu futuro, pegando naquilo que eles nos mostram serem os seus valores.

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